Pantaneiros, veterinários, entidades de classe e representantes de ONGs, reuniram-se nesta terça-feira (23), a fim de debater alternativas para o convívio harmônico entre a bovinocultura de corte e felinos pantaneiros, entre eles a onça pintada. O evento realizado pela ABPO – Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável, juntamente com o IHP – Instituto Homem Pantaneiro, apresentou algumas alternativas aos pantaneiros.
“Este momento é de iniciarmos um diálogo com a técnica, a ciência e a sociedade, no sentido de compreendermos o momento atual, e tomarmos medidas para dirimir ou atenuar os prejuízos que a atividade produtiva sofre, devido aos ataques recorrentes dos grandes felinos no Pantanal”, esclareceu o presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta.
Entre as alternativas apresentadas pelo veterinário do IHP, Diego Viana e pelo presidente do IHP, o coronel Ângelo Rabelo, estão a cerca elétrica, estratégias de manejo, retirada da maternidade de perto de florestas, luzes de led com cores diferentes, para afastar predadores, somadas às estratégias históricas que foram implementadas por pantaneiros. “Essas são algumas estratégias, que ligadas ao manejo e tecnologia, aumentam o potencial de afastar as onças. Mas não existe uma estratégia 100% eficaz”, relata o veterinário.
Representando a Fundação Panthera, o veterinário Rafael Hoogesteijn, reforçou as palavras de Viana, ao alertar que a população de onça está aumentando na região. “O problema vai continuar e pode se intensificar. Não temos bala de prata, mas temos um cardápio de medidas que podem ser adotadas”.
Durante o evento também foi apresentado o aplicativo Agribov, que faz gestão de nascimentos de bezerros, uma alternativa para controle da taxa de natalidade e registros seguros. “Isso é ter resultado na palma da mão. Se eu tenho dados e daquilo me gera resultados, eu consigo ter uma tomada de decisão mais assertiva. O aplicativo é intuitivo, fácil, funciona em local sem internet e, salva automaticamente os dados, permitindo inclusive que o trabalho seja parado no meio e continuado depois”, sinaliza Márcio Ribeiro Silva, veterinário responsável pelo App.
Representando a Wetlands International Brasil, Áurea Garcia, reforçou a importância econômica da atividade pecuária, mas também no âmbito social e ambiental. "Uma honra participarmos deste evento voltado aos proprietários rurais com a explanação sobre como minimizar a predação das onças na produção. Essa prática sustentável vai ao encontro do que temos como meta dentro do Programa Corredor Azul, em especial com a mobilização do Movimenta Pantanal, ao promover o fomento da carne orgânica e sustentável, que pode contribuir diretamente com a conservação do bioma."
Citando o ex-presidente da ABPO, Leonardo de Barros, o atual presidente fechou o evento com a frase: “A relação dos pantaneiros com todos os animais silvestres, sempre foi de respeito, amor e convívio harmônico. Nossa biodiversidade comprova isso”.