Os números divulgados na última semana pelo governo federal e pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) comprovam a importância da cadeia cafeeira no cenário nacional. O Valor Bruto da Produção (VBP) mostra a evolução do desempenho das lavouras e o faturamento bruto dentro do estabelecimento ao longo do ano, a partir do cálculo da safra agrícola, da pecuária e dos preços obtidos pelos produtores nas principais praças do país e dos 26 maiores produtos agropecuários nacionais. Já o “Relatório de Estatística’ apresentado pelo Cecafé mensura as exportações brasileiras de café enviadas ao exterior.
O VBP fechou o ano de 2022 em R$ 1,189 trilhão com destaque para o algodão, café, milho, trigo e leite que alcançaram os maiores valores históricos. O café mantém o 4º lugar no ranking dos produtos de lavouras que mais produziram divisas para o país, ficando atrás apenas da soja, do milho e da cana-de-açúcar.
Sozinha, a cafeicultura gerou R$ 55,892 bilhões de receita, que corresponde a 4,70% do total produzido. O valor é R$ 11 bilhões maior que o registrado em 2021. As lavouras representam 69% de tudo que é produzido na agropecuária brasileira. Minas Gerais é o estado com a maior receita gerada pelo café. São quase R$ 29 bilhões de reais em divisas. O segundo lugar ficou com o Espírito Santo, seguido por São Paulo, Bahia, Rondônia e Paraná.
Exportação
O relatório estatístico divulgado pelo Cecafé apresentou a receita recorde de US$ 9,233 bilhões em exportações de café para 122 países em 2022. Um impressionante crescimento de 46,9% na comparação com o ano de 2021, onde se obteve o valor de US$ 6,258 bilhões. No entanto, o volume de sacas de 60kg exportado apresentou queda de 3,1% em 2022 se comparado a 2021. Em volume foram embarcadas 39,350 milhões de sacas de café.
Com a receita cambial de US$ 9,233 bilhões, o café responde por 2,8% das exportações totais realizadas pelo Brasil em 2022, que renderam US$ 334,463 bilhões ao país. Quando se analisa o desempenho dentro do agronegócio (US$ 159,091 bilhões), setor que corresponde a 47,6% das remessas totais brasileiras, a representatividade dos embarques da cafeicultura sobe para 5,8%.
Estoques de passagem baixos
Dessa forma, a previsão realizada pelo Conselho Nacional do Café (CNC) no ano passado estava correta. O Brasil passou 31 de março de 2022 com o menor volume em estoque na história. No entanto, a entidade alertou à época que o país tinha cafés suficientes para atender o mercado, e foi o que aconteceu. Se considerarmos que o consumo doméstico foi de 21,5 milhões de sacas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), e somarmos às 39,350 milhões de sacas exportadas, temos um total de 60,85 milhões de sacas adquiridas pelo mercado.
“Segundo a Conab, a produção brasileira foi de 50,920 milhões de sacas, ficando assim um déficit de 9,93 milhões de sacas, tendo que serem utilizados estoques remanescentes para atender os compradores. E o CNC, conhecendo o número de estoques das nossas 94 cooperativas associadas, passou a informação de que o remanescente seria suficiente para atender o consumo interno e a exportação. No entanto, em 31 de março de 2023, teremos novamente o menor estoque de passagem da história”, explica o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
Força do café
“Todas as estatísticas e dados apresentados demonstram a força que o café brasileiro tem e a sua importância no cenário nacional. Mesmo em um ano com produção baixa, devido às intempéries climáticas como a seca e a geada, os produtores, a indústria e a exportação se superaram, gerando renda e divisas ao Brasil. Estamos conscientes de que nosso estoque continua baixo, em razão da sequência de anos com produções aquém da capacidade da cafeicultura brasileira, que tem enfrentado ano após ano, dificuldades das mais diversas”, diz Silas Brasileiro.
“No entanto, os números comprovam que com pesquisa, tecnologia, gestão eficiente e força cooperativista, esse produto continua sendo um dos mais importantes geradores de emprego e renda no país. Reiteramos aqui nossa admiração pela dedicação dos produtores, das nossas associações e cooperativas, dos membros da indústria e da exportação. Todos realizaram um excelente trabalho para que alcançássemos os números obtidos”, conclui o presidente da CNC.