O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, disse ontem (1), que o Brasil poderá vender farelo de soja à China em até 2 meses.
O ministro participou da abertura do 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), em São Paulo.
Em entrevista, Montes disse que a habilitação das indústrias que poderão embarcar o farelo de soja para China deve acontecer em até dois meses.
De acordo com o ministro, as vistorias nas indústrias serão realizadas por autoridades do governo do Brasil.
“Faltam inspeções do governo, não é habilitação chinesa, é o próprio governo… é natural uma visita, vistoria, (que) um mês, dois meses, ainda vai levar”, disse. O início dos embarques vai depender da agilidade dos processos de inspeção e da “resposta dos empresários que têm esse interesse”, acrescentou Montes.
Segundo a sócia da consultoria Vallya Agro Larissa Wachholz,as exportações de farelo de soja brasileiro à China dependerão da capacidade instalada de processamento do próprio Brasil em atender à demanda crescente pelo produto para uso na alimentação animal.
“A China tem grande necessidade de consumo de insumos para ração, mas também possui grande capacidade interna de produção de farelo. Precisaremos arrumar nichos comerciais para inserir nosso produto. O desafio será encontrar na enorme capacidade de esmagamento instalada da China uma forma de agregar valor ao complexo de soja brasileiro, de forma geral”, disse Larissa.
Plano Safra
Ainda no evento, Marcos Montes disse que espera que seja retomada em breve a possibilidade de contratação de crédito por meio de algumas linhas do Plano Safra, que foram suspensas na última semana pelo BNDES.
“O BNDES nos explicou, foi uma demanda muito forte que houve e os valores de recursos equalizáveis precisariam se acertar. Acho que é uma questão de tempo (a retomada)”, afirmou.
Segurança alimentar
Na abertura, Marcos Montes destacou que o Brasil, como um dos principais fornecedores de alimentos, se coloca como um participante importante para garantir a segurança alimentar mundial.
“O Brasil se coloca como um participante importante, mas não depende só do Brasil, somos uma peça no combate à insegurança alimentar. Somos produtores de alimentos, mas não produzimos alimentos do nada, precisamos dos insumos. Então, cada um tem a sua participação, o Brasil pode carrear tudo isso, mas precisamos que todos realmente entendam o seu papel”, disse, destacando que a questão da sustentabilidade não pode ser usada para prejudicar a competitividade brasileira.
“Todos queremos a preservação ambiental e a sustentabilidade, mas ela não pode ser usada por alguns países para nos prejudicar”.
Segundo o ministro, os recentes conflitos internacionais trouxeram transtornos enormes ao mundo todo, como a insegurança em relação ao fornecimento de fertilizantes. “Felizmente no Brasil não tivemos o problema que nos assombra, que era a entrega de fertilizantes, e hoje temos uma entrega regular, ainda caro, mas vamos chegar em um patamar competitivo”.