Integrantes das principais torcidas organizadas do Corinthians invadiram na tarde desta terça-feira (3) o Parque São Jorge, sede social e administrativa do clube. A ação foi acompanhada da colocação de correntes nos portões e de uma faixa com reivindicações, retirada no início da noite, após liberação da entrada do estacionamento. Mais de 20 viaturas foram mobilizadas para garantir a segurança no local.
Em nota conjunta, as torcidas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Pavilhão Nove, Estopim da Fiel, Coringão Chopp e Fiel Macabra classificaram o ato como “um ato de resistência contra o sistema político que vem prejudicando o Sport Club Corinthians Paulista há décadas”. O protesto teve caráter pacífico e foi encerrado após algumas horas.
Os manifestantes cobraram três mudanças consideradas “inegociáveis”: direito de voto ao programa Fiel Torcedor, reforma imediata do Estatuto do Clube e responsabilização de dirigentes por dívidas de gestões passadas.
Durante a ocupação, os torcedores se reuniram com o presidente interino Osmar Stabile, que sinalizou apoio a algumas pautas, como o acompanhamento de perto das categorias de base. No entanto, afirmou que a reforma estatutária depende de tramitação no Conselho Deliberativo e posterior aprovação em Assembleia Geral.
— A ideia agora é a reforma do estatuto. Corintiano, vamos nos unir. É com a reforma do estatuto que vamos ter novos rumos. A revolução começou hoje — declarou Alexandre Domênico Pereira, presidente da Gaviões da Fiel.
A ação das torcidas ocorre em meio à crise política que atinge o clube, dias após o presidente Augusto Melo ter tentado retomar o cargo do qual foi afastado por decisão do Conselho Deliberativo. No último sábado, uma confusão envolvendo torcedores e dirigentes marcou a invasão da sala da presidência. Osmar Stabile, nomeado interinamente, permanece na função até que os associados decidam o futuro de Melo em assembleia marcada para o dia 9 de agosto.
Em resposta ao episódio desta terça-feira, o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., divulgou nota afirmando que a reforma do Estatuto está em andamento e criticou o método utilizado pelos torcedores, destacando que o diálogo deve prevalecer.
“As reivindicações, por mais justas que possam vir a ser, jamais justificam atos que transgridam a lei, a ordem, as normas do clube e que coloquem em risco a integridade física e psicológica de nossos associados – em grande parte, crianças”, escreveu Tuma.
Ele reforçou que uma Comissão de Reforma do Estatuto já está ativa e que a participação do torcedor na política do clube é pauta em discussão.
O episódio expõe a crescente insatisfação de parte da torcida organizada com a condução administrativa e política do Corinthians e reacende o debate sobre a democratização interna no clube.