O jogador Romário, ex-Vila Nova, foi banido do futebol pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) devido à sua participação em um esquema de manipulação de resultados investigado pela Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Além da proibição de atuar, Romário também foi condenado a pagar uma multa no valor de R$ 25 mil. A defesa do jogador informou ao ge que pretende recorrer da decisão.
Outro ex-atleta do clube goiano, Gabriel Domingos, também foi condenado no mesmo caso. Ele recebeu uma suspensão de 720 dias e terá que pagar uma multa de R$ 15 mil.
Esses são os primeiros jogadores a serem julgados e punidos por envolvimento no esquema de manipulação. O julgamento ocorreu nesta segunda-feira, nas dependências do STJD. Ambos os casos ainda permitem recurso.
Romário participou da sessão por videoconferência, enquanto Gabriel Domingos compareceu pessoalmente à sede do órgão, localizada no Rio de Janeiro.
A 1ª Comissão Disciplinar, presidida por Alcino Júnior de Macedo Guedes, foi responsável por conduzir a sessão. O relator, auditor Miguel Cançado, votou pelo banimento de Romário e uma multa de R$ 50 mil, além da suspensão de 720 dias e uma multa de R$ 40 mil para Gabriel Domingos.
Apenas o auditor Sérgio Henrique Coelho Furtado concordou integralmente com o voto do relator. Os outros membros, Ramon Rocha Santos e José Maria Philomeno, além do presidente Alcino Guedes, optaram por reduzir apenas os valores das multas para R$ 25 mil e R$ 15 mil, respectivamente.
A investigação revelou que Romário era o principal envolvido no esquema. Segundo os promotores, ele recebeu dinheiro de apostadores para cometer um pênalti contra o Sport na última rodada da Série B do ano passado, embora não tenha sido escalado para o jogo. A partir disso, Romário começou a recrutar outros jogadores para participar da fraude.
Quando a Operação Penalidade Máxima foi deflagrada em 14 de fevereiro, a informação inicial era de que Gabriel Domingos apenas havia emprestado sua conta bancária para a transação do dinheiro. No entanto, o MP-GO afirmou que, após aprofundar as investigações, constatou-se que o atleta tinha um envolvimento mais significativo no caso.
Tanto Romário quanto Gabriel são réus na Justiça e tiveram seus contratos rescindidos pelo Vila Nova.
Operação Penalidade Máxima
A primeira fase da Operação Penalidade Máxima resultou em 14 pessoas denunciadas, incluindo oito jogadores. Além de Romário e Gabriel Domingos, outros seis jogadores foram acusados: Joseph (Tombense) e cinco jogadores que estavam no Sampaio Corrêa: Mateusinho, Allan Godói, André Queixo, Ygor Catatau e Paulo Sérgio.
O esquema consistia na marcação de pênaltis no primeiro tempo de três jogos da última rodada da Série B: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina. Os jogadores envolvidos receberiam um pagamento de R$ 150 mil cada, sendo R$ 10 mil adiantados e R$ 140 mil após o jogo.
Pênaltis foram assinalados nas partidas de Tombense e Sampaio Corrêa, mas como Romário não foi escalado, não houve pênalti na partida entre Vila Nova e Sport, o que acabou comprometendo a aposta. Em entrevista ao ge, Romário admitiu ter cometido um erro ao aceitar o dinheiro dos apostadores, porém, negou ter forçado cartões ou cometido faltas propositadamente com base em apostas.
Na segunda fase da Operação Penalidade Máxima, deflagrada no mês passado, outras 16 pessoas foram denunciadas, incluindo sete jogadores: Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (Sergipe). Todos os envolvidos também se tornaram réus após decisão da Justiça.
Os apostadores e membros da organização denunciados são Bruno Lopez de Moura, Ícaro Fernando Calixto, Luís Felipe Rodrigues, Victor Yamasaki Fernandes, Zildo Peixoto Neto, Thiago Chambó Andrade, Romário Hugo do Santos, William de Oliveira Souza e Pedro Gama dos Santos Júnior.