De volta à Seleção Brasileira após mais de um ano e meio, Richarlison concedeu uma entrevista marcada por desabafos, autocrítica e confiança na retomada sob o comando de Carlo Ancelotti. Prestes a completar 50 jogos pela equipe nacional, o camisa 9 não se esquivou de críticas e abordou os momentos de instabilidade, tanto pessoais quanto institucionais, enfrentados desde o fim da Copa do Mundo de 2022.
— Sei lá, esse meio político da CBF e tudo mais, a imprensa atacava todo mundo, era uma bagunça danada. O treinador não tinha tempo para trabalhar. Creio que agora deu uma mudada — afirmou o atacante, ao citar a transição de treinadores e a turbulência nos bastidores da entidade.
Richarlison foi convocado por Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior, mas não chegou a atuar sob o atual treinador em razão de lesões. Ainda assim, esteve presente no ambiente da Seleção, mesmo sem condições de jogo.
Titular no empate sem gols diante do Equador, na estreia de Ancelotti, o atacante reconheceu a atuação discreta, assumiu a responsabilidade pelo jejum de gols — que dura desde as oitavas de final da última Copa — e projetou uma resposta diante do Paraguai, nesta terça-feira (4), na Neo Química Arena, em São Paulo, pelas Eliminatórias da Copa de 2026.
— Já me acostumei com isso. A culpa vai cair nos atacantes. Essa autocrítica sempre vem de mim, para melhorar pela equipe — disse.
Com 20 gols em 49 jogos, Richarlison é o terceiro maior artilheiro em atividade da Seleção, atrás apenas de Philippe Coutinho (21) e Neymar (78). Caso balance as redes contra os paraguaios, poderá igualar o meia do Vasco e encerrar um jejum de dois anos e meio.
Aos 27 anos, o jogador falou sobre as lesões que afetaram seu rendimento e revelou ter sido alertado pelos fisioterapeutas do Everton sobre o impacto da carga física acumulada desde os Jogos Olímpicos de Tóquio. As dores no púbis e no joelho exigiram cirurgia e uso prolongado de medicamentos.
— Foi um risco que eu quis e deu tudo certo no final, conseguimos ganhar as Olimpíadas. Ao mesmo tempo que eu ganhei, eu perdi. Foi um momento duro, mas de aprendizado.
Richarlison destacou também sua relação com Ancelotti, com quem viveu a melhor fase da carreira no Everton. Foram 28 gols e sete assistências em 81 partidas sob o comando do italiano entre 2019 e 2021.
— Montamos um bom time, fazia anos que o Everton não ganhava do Liverpool fora e conseguimos. Foi uma experiência com muitos gols. Fiquei feliz com a chegada de um cara vencedor e que tem tudo para vencer na Seleção também.
O camisa 9 ainda comentou sobre sua escolha de permanecer no futebol europeu, após ter recusado uma proposta do futebol árabe por influência direta de Dorival Júnior.
— Ele foi muito sincero. Disse que indo para lá era praticamente esquecer a Seleção, e não era isso que eu queria. Fiz a escolha certa.
A Seleção Brasileira enfrenta o Paraguai às 20h45 (do MS), em jogo válido pela 16ª rodada das eliminatórias sul-americanas. Em caso de vitória e combinação com triunfo do Uruguai sobre a Venezuela, o Brasil garantirá matematicamente a vaga na Copa do Mundo de 2026.