José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, faleceu nesta quinta-feira, 24 de outubro de 2024, em São Paulo, aos 66 anos. Considerado um dos maiores boxeadores brasileiros, o ex-peso-pesado lutava contra a encefalopatia traumática crônica, doença neurodegenerativa causada por golpes repetidos na cabeça, diagnosticada em 2013. A informação foi confirmada pela esposa, Irani Pinheiro, em entrevista à TV Record.
Maguila nasceu em 11 de julho de 1958, em Aracaju, e acumulou um cartel de 85 lutas ao longo de sua carreira de 17 anos, com 77 vitórias (61 por nocaute), sete derrotas e um empate técnico. Carismático, conquistou o público com seu estilo irreverente e entrevistas marcantes. Entre os grandes nomes que enfrentou no ringue estão Evander Holyfield e George Foreman.
O interesse pelo boxe começou ainda na infância, ao assistir às lutas de Éder Jofre e Muhammad Ali em uma TV preto e branco na casa de um vizinho. Aos 14 anos, Maguila mudou-se para São Paulo em busca de melhores oportunidades, enfrentando dificuldades, inclusive a fome. Chegou a morar em um caminhão abandonado e, posteriormente, nas ruas.
Começou a treinar boxe em 1979 e estreou profissionalmente em 1981. Seu primeiro título brasileiro veio em 1983, no ginásio do Ibirapuera, ao vencer Waldemar Paulino. No ano seguinte, conquistou o título sul-americano ao nocautear o argentino Juan Antonio Figueroa. Em 1995, venceu Johnny Nelson e tornou-se campeão mundial pela Federação Mundial de Boxe (WBF), uma entidade de menor expressão.
Maguila viveu momentos históricos no ringue. Em 1989, enfrentou Evander Holyfield, então em ascensão. Após dominar o primeiro round, foi nocauteado no segundo. No ano seguinte, subiu ao ringue para encarar George Foreman em Las Vegas, mas novamente foi superado por nocaute.
Apesar das derrotas, Maguila permaneceu como ícone do boxe nacional, sendo o primeiro brasileiro a conquistar um cinturão mundial na categoria dos pesos-pesados.
Em 2013, Maguila foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica, doença associada a repetidos impactos na cabeça. Os sintomas, inicialmente confundidos com esquecimentos comuns, evoluíram para quadros de desorientação e agressividade. Desde 2018, o ex-boxeador morava em uma clínica em Itu, onde seguia uma rotina de fisioterapia e atividades diárias.
Em 2018, ele consentiu em doar seu cérebro para pesquisas da Universidade de São Paulo, com o objetivo de contribuir para estudos sobre as consequências de impactos repetidos no esporte.
Fora dos ringues, Maguila lançou o álbum "Vida de Campeão", em 2009, e participou de programas de TV. Sua paixão pelo samba também o levou a ser enredo de uma escola de samba em 2021. Sua vida inspirou projetos cinematográficos, como um filme planejado para ser estrelado por Babu Santana, que, no entanto, não saiu do papel por falta de patrocínio.
O legado de Maguila vai além de seus feitos no esporte, perpetuando-se como símbolo de superação e resiliência.