A Justiça do Distrito Federal negou nesta quarta-feira (1º) o pedido de familiares do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, para que fosse decretado sigilo na investigação que apura possível manipulação de resultado no Campeonato Brasileiro de 2023. O caso envolve a suspeita de que o jogador tenha beneficiado apostadores ao forçar um cartão amarelo em partida contra o Santos.
Além da negativa ao sigilo, o juiz Fernando Brandini Barbagalo autorizou a Polícia Federal a compartilhar as provas já colhidas com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que poderá abrir novo inquérito contra o atleta. Também foi mantida a permissão de compartilhamento das informações com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, em andamento no Senado Federal.
A operadora de apostas Blaze, citada nas investigações, foi intimada a fornecer dados de quatro dos indiciados que teriam apostado especificamente no cartão de Bruno Henrique. A empresa é mencionada em mensagens extraídas dos celulares dos investigados, mas ainda não havia entregado as informações requeridas. Em nota publicada pelo jornal Globo Esporte, a Blaze afirmou ter colaborado com as autoridades “dentro dos limites da legislação vigente” e declarou repúdio a qualquer conduta ilícita.
Apesar do indiciamento, o Flamengo decidiu não afastar o atacante, que foi relacionado normalmente para o jogo contra o Botafogo-PB, nesta quinta-feira, pela terceira fase da Copa do Brasil. Bruno Henrique nega ter beneficiado apostadores com conhecimento prévio.
Bruno Henrique e outras nove pessoas foram indiciadas no mês passado pela Polícia Federal. Segundo o inquérito, familiares e amigos do jogador teriam apostado que ele receberia um cartão amarelo na partida contra o Santos, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023. O atacante foi advertido nos acréscimos do segundo tempo, após cometer falta em Soteldo e, na sequência, ser expulso por reclamação.
Entre os indiciados estão o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, sua esposa, Ludymilla Araújo Lima, e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso. Também foram apontados como envolvidos outros seis apostadores próximos à família.
Bruno Henrique e Wander foram enquadrados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que trata de fraude esportiva, com pena de dois a seis anos de reclusão, além de estelionato. Os demais foram indiciados apenas por estelionato.
As investigações tiveram início em agosto do ano passado, a partir de alertas emitidos por casas de apostas sobre movimentações suspeitas. Em algumas plataformas, até 98% das apostas sobre cartões naquela partida foram direcionadas ao nome de Bruno Henrique.
Durante operação de busca e apreensão realizada em novembro, celulares foram apreendidos em endereços ligados ao jogador, inclusive no centro de treinamento do Flamengo. Em uma das mensagens recuperadas, Wander questiona o irmão sobre quando ele tomaria o terceiro cartão amarelo, e o atacante responde: “Contra o Santos”.
O relatório da Polícia Federal agora será encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal, responsável por decidir se oferecerá ou não denúncia formal contra os envolvidos.