Vinte clubes do futebol brasileiro divulgaram neste sábado (18) um comunicado conjunto no qual manifestam insatisfação com o atual modelo de governança da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e anunciam que não participarão da eleição para a presidência da entidade, marcada para este domingo. Segundo o texto, a ausência na votação ocorre em razão de discordâncias com o processo vigente e do desejo de debater uma reformulação ampla da estrutura de poder da CBF.
No documento, os clubes afirmam que o futuro do futebol brasileiro “precisa ser pautado pela democracia, transparência e representatividade”. A nota reforça que as instituições estarão abertas ao diálogo com a nova gestão da CBF a partir da próxima semana, com o objetivo de discutir mudanças no sistema eleitoral e outras pautas consideradas prioritárias.
A manifestação é assinada por América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo-SP, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Operário-PR, Juventude, Mirassol, Novorizontino, Santos, São Paulo e Sport — clubes que disputam atualmente as Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. A campanha é intitulada com a frase "Sem clube não tem futebol", que aparece destacada no início e no fim do comunicado.
A principal crítica está relacionada à estrutura do colégio eleitoral da CBF, que concede maior peso aos votos das 27 federações estaduais em comparação aos votos dos clubes profissionais. Atualmente, cada federação tem três votos, enquanto cada clube da Série A tem um voto. Clubes das Séries B e C têm peso reduzido ou não participam da votação, dependendo do cargo em disputa. Essa composição, segundo os signatários da nota, não reflete a relevância dos clubes no cenário esportivo e compromete a representatividade do processo.
Os dirigentes das equipes envolvidas indicam que pretendem trabalhar pela construção de um modelo mais equilibrado, com maior participação dos clubes nas decisões estratégicas do futebol nacional. A expectativa é que o posicionamento conjunto sirva como ponto de partida para uma nova etapa de diálogo institucional entre a CBF e as principais forças do futebol brasileiro.
A eleição presidencial deste domingo deverá ocorrer com a participação de outras entidades aptas a votar, incluindo federações estaduais e clubes que optaram por comparecer. A nova gestão da CBF terá pela frente o desafio de lidar com a crescente demanda por reformas internas, num momento em que o futebol brasileiro discute caminhos para modernização, sustentabilidade financeira e fortalecimento de suas competições.