A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por suposta fraude relacionada a apostas esportivas durante o Campeonato Brasileiro de 2023. Segundo as investigações, o jogador teria forçado um cartão amarelo no confronto contra o Santos, válido pela 31ª rodada, e contribuído para beneficiar apostadores ligados a ele.
O indiciamento inclui ainda o irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior; Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander; e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador. Os três teriam feito apostas relacionadas à advertência. Um segundo núcleo, formado por amigos de Wander, também foi indiciado por estelionato.
Bruno Henrique e Wander responderão por dois crimes: fraude esportiva, prevista no artigo 200 da Lei Geral do Esporte — com pena de dois a seis anos de reclusão — e estelionato, com pena de um a cinco anos. Os demais envolvidos foram indiciados apenas por estelionato.
A investigação começou em agosto do ano passado, após operadores de apostas identificarem movimentações incomuns envolvendo o cartão amarelo aplicado a Bruno Henrique no jogo contra o Santos, disputado em Brasília. Três casas de apostas detectaram que mais de 95% das apostas em cartões naquela partida foram concentradas no nome do atacante.
O alerta das plataformas levou à abertura da investigação. Em novembro de 2023, a PF realizou uma operação de busca e apreensão em endereços ligados ao jogador, incluindo o CT do Flamengo. Bruno Henrique teve o celular apreendido. Mensagens encontradas no aparelho indicam que ele teria combinado com o irmão o momento de receber o cartão. “Contra o Santos”, respondeu o atacante ao ser questionado por Wander sobre quando seria advertido.
No jogo citado, Bruno Henrique entrou em campo já pendurado e foi advertido nos acréscimos do segundo tempo, após falta em Soteldo. Em seguida, foi expulso por reclamação. À época, o Flamengo já perdia por 2 a 1.
Apesar da investigação, o clube carioca optou por manter o jogador em atividade. Em nota divulgada nesta segunda-feira, o Flamengo afirmou não ter sido notificado oficialmente, reafirmou o compromisso com o fair play esportivo e defendeu o princípio da presunção de inocência e o devido processo legal.
– O Flamengo tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal – declarou o clube.
Bruno Henrique se manifestou sobre o tema apenas uma vez, após a conquista da Copa do Brasil de 2023, afirmando estar tranquilo e confiante na Justiça.
O caso também foi levado ao STJD no ano passado, mas a Procuradoria não viu elementos suficientes para instaurar um inquérito, por considerar que não houve indícios de benefício financeiro direto ao jogador.
O relatório da Polícia Federal será agora analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, que decidirá se oferece ou não denúncia formal contra os envolvidos.