Augusto Melo é afastado da presidência do Corinthians após aprovação de impeachment

Em reunião realizada na noite desta segunda-feira (26), o Conselho Deliberativo do Corinthians aprovou o prosseguimento do processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo. O dirigente, que não renunciou ao cargo, foi afastado temporariamente e agora aguarda a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária com os sócios do clube, que decidirá de forma definitiva sobre sua destituição. A data da votação ainda será marcada, mas deve ocorrer em até 60 dias.

Durante o encontro no Parque São Jorge, Augusto Melo fez um pronunciamento de cerca de 20 minutos, no qual afirmou sair “de cabeça erguida” e se declarou injustiçado:

— Não é renúncia, ao contrário. Não vou participar dessa palhaçada. Não estou renunciando, vou brigar para continuar aqui — disse o mandatário, acrescentando: — O jogo não acabou. Saio do Corinthians neste momento, por enquanto, com salários em dia, contratos assinados e promessas cumpridas.

A decisão do Conselho ocorre em meio às acusações de irregularidades no contrato de patrocínio com a empresa VaideBet, além de infração à Lei Geral do Esporte e ao estatuto do clube. Na semana passada, Augusto Melo foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo pelos crimes de furto qualificado, abuso de confiança, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Com o afastamento, quem assume interinamente a presidência do Corinthians é o primeiro vice-presidente Osmar Stabile. Segundo o estatuto do clube, a perda definitiva do cargo só será confirmada com a aprovação dos associados em votação presencial.

Ao lado de seu advogado Ricardo Cury, que fez a sustentação oral durante a sessão, Augusto destacou realizações da gestão:

— Saio deixando contratos com a Adidas, com a Multipark, o CT pronto, o alojamento da base encaminhado. Saio com superávit, salários em dia, e com mais de R$ 3 bilhões em arrecadação projetada. A auditoria está feita e entregue ao Conselho Fiscal. Espero que a torcida cobre.

Augusto Melo havia sido eleito no fim de 2023, pondo fim à sequência de 16 anos do grupo Renovação e Transparência à frente do clube. No curto período em que esteve no comando, conquistou o Campeonato Paulista de 2024, mas se envolveu em uma série de crises políticas, denúncias e atritos internos, além de desgastes com patrocinadores e parceiros comerciais.

A defesa do dirigente ainda tentou suspender judicialmente a reunião do Conselho, sem sucesso. Agora, o clube inicia o trâmite para convocar a assembleia que decidirá o futuro do presidente afastado.